domingo, 18 de março de 2012

A vida muda

Hoje, dia 17 de Março de 2012, faz dois anos que minha mãe morreu. Lembro-me perfeitamente daquele dia, ela passou o dia todo muito quieta. Não abria os olhos, mesmo quando eu e meu marido mexíamos com ela em sua cama hospitalar. Parecia que ela estava num sono profundo. Não tinha reação a nada. Sua pressão estava boa e o dia transcorria normalmente para mim. Bom, era o que eu pensava. À tarde por volta das 15h seu médico veio vê-la, pois já estava agendado. Estava tudo ok. Sua visita foi demorada e satisfatória para mim. A hora avançava. Ao chegar da noite, ministrei sua última alimentação via sonda. Esperei vinte minutos para abaixar sua cabeceira e arrumá-la para dormir. Pedi o meu marido que olhasse sua pressão novamente, porem ele disse que não havia necessidade, pois o Dr. Marcio já tinha visto, ainda assim insisti com ele. Nesse instante meu marido virou-se para mim e disse para chamar a ambulância, pois ele não estava sentindo a pulsação de minha mãe, então disse para que tentasse novamente. Olhei para ela e a mesma fez uma expressão de dor. Naquela hora minha mãe partiu sem eu saber. Quando o enfermeiro apareceu na porta, avistou minha mãe de longe. Ele fez o sinal da cruz e disse que era óbito. Eu não acreditei no que eu estava ouvindo. O médico veio logo atrás, fez o teste e confirmou. Liguei para a funerária levarem seu corpo. No dia seguinte desfiz seu quarto. Após três meses fiz a primeira viagem com meu marido depois de oito anos dedicados a minha mãe. Na volta da viagem decidi pela profissão de cuidadora. Fiz o curso e li muito a respeito. Um dia senti a necessidade de contar a sua história, então pedi a um amigo que fizesse um blog e dessa forma surgiu “a filha do Alzheimer”. Comecei a jogar toda semana na mega sena com objetivo de comprar um lote grande, que fica no trajeto de minha casa para o centro da cidade e transformá-lo num hospital para pessoas carentes com a doença de Alzheimer. Quem sabe uma hora passe um anjo e diga Amem.